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Atuação do enfermeiro hospitalar na Saúde Mental

Atuação do enfermeiro hospitalar na Saúde Mental

   O papel do enfermeiro na saúde mental transcende as fronteiras da assistência física, adentrando o universo complexo e multifacetado do cuidado terapêutico. Este cuidado se traduz em condutas articuladas, adaptadas às singularidades e necessidades individuais e subjetivas dos sujeitos.

   A essência desse cuidado reside na substituição do silenciamento dos pacientes por uma escuta humanizada e qualificada. A dimensão da escuta vai além do mero ato de ouvir; ela pressupõe um exercício constante de reflexão, numa compreensão profunda da singularidade da estrutura de quem se expressa. Nesse contexto, emerge como desafio crucial a necessidade de enfrentar os fenômenos contemporâneos, como as relações fragmentadas e a carência de recursos para integrar as pessoas em nossas vidas.

  A compreensão e o cuidado mútuo se mostram fragmentados pela aceleração dos dias atuais, resultando na perda de valor da experiência e do processo. A “modernidade líquida”, conceito proposto pelo sociólogo Zygmunt Bauman, torna-se uma lente fundamental para analisar essa realidade fluida e rasa. A diversidade e velocidade das informações, aliadas ao excesso de estímulos, criam um cenário desafiador para a construção de relações sólidas e significativas.

  Diante desse panorama, torna-se imperativo o fortalecimento das ações do enfermeiro hospitalar, no contexto da saúde mental, em prol do paciente. O questionamento acerca da verdade dos sujeitos que cuidamos emerge como um convite à reflexão: o que é sagrado para eles?

  Essa busca pela compreensão profunda e ampla dos sujeitos é a base para a promoção do cuidado terapêutico, fundamentada na escuta atenta e na expressão cuidadosa da palavra, levando em consideração que são únicos e multidimensionais, com necessidades individuais que vão muito além dos sintomas que apresentam, que possuem uma história de vida e questões íntimas biológicas, psicológicas e sociais.

  Assim, o enfermeiro na saúde mental se posiciona como agente ativo na desconstrução dos obstáculos contemporâneos, promovendo uma abordagem centrada no indivíduo, na qual a escuta e a palavra se entrelaçam para tecer a rede de cuidados terapêuticos necessários à resiliência, ao bem-estar e à qualidade de vida dos pacientes.


Marina Dayrell de Oliveira Lima
Enfermeira Supervisora do Instituto HEAL

Entrevista da Diretora Presidente do Instituto HEAL , Juselma Coelho
Por Juselma Coelho 01 jun., 2023
Entrevista da Diretora Presidente do Instituto HEAL , Juselma Coelho, para a revista O SEMEADOR em abirl de 2023 com o tema " A mulher e a Lei de Igualdade".
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